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sexta-feira, 27 de março de 2009

Lula e a gafe


Ao denunciar a “gente branca, de olhos azuis” como responsável pela catástrofe financeira global, o presidente Lula perpetrou um conjunto de asneiras padrão-Bush. Descomunal.

A descortesia com o visitante, o premiê britânico Gordon Brown - escocês de nascimento, pele clara, olhos claros - é uma delas. O reacionarismo é outra. George Brown, à esquerda do novo PT, tem sido um ostensivo herdeiro da tradição social-democrata britânica, cobrador rigoroso das falhas do sistema financeiro britânico, defensor de soluções intervencionistas em favor da poupança popular. Como anfitrião e candidato a líder mundial, Lula deveria conhecer alguns dados que, aliás, qualquer leitor regular de jornais está farto de saber.

O dislate mais grave está no teor preconceituoso e racista da tirada presidencial. Estimular o ressentimento entre raças também é racismo, mesmo quando a favor das minorias. Além de redondamente enganado (há pelo menos dois negros na lista dos “grandes culpados” da crise americana), Lula mostra que embarcou na demagogia eleitoreira de algumas lideranças latino-americanas.

Ao invés de diferençar-se de Hugo Chávez, o presidente da República adota o mesmo simplismo e, sobretudo, o mesmo esquema de rancor. Cercado por sofisticados intelectuais e acadêmicos, amparado no seu currículo progressista e/ou na sua imbatível intuição, o presidente da república brasileira não tem o direito de ignorar o que se passou na Europa nos anos 20 e 30 nem as sangrentas consequências da demagogia dos bodes expiatórios.

Aqueles que buscaram possíveis semelhanças entre as consequências do crash de 1929 e os efeitos da catástrofe iniciada em 2008 sabem que as aproximações políticas seriam inevitáveis caso aparecessem lideranças irresponsáveis para açular as multidões em busca de culpados. 

Benito Mussolini em 1922 brandia um patriotismo socialista, queria uma Itália cesarista, dona do Mediterrâneo. Onze anos depois, o nacional-socialismo de Adolf Hitler exibiu o seu caráter visceralmente racista: os judeus eram culpados pelo bolchevismo, pela cultura degenerada, pelo empobrecimento da Alemanha, pelos sofrimentos dos arianos, esta mesma gente “de pele branca e olhos azuis” que Lula agora apresenta como responsável pelos males da humanidade.

O presidente imagina que sabe tudo e graças a isso adota uma postura arrogante, certo de que sua popularidade funcionará indefinidamente como antídoto para o besteirol político.

Está brincando com fogo. Esquece que colocou o país prematuramente  num palanque eleitoral e que nestas circunstâncias tudo é comício, tudo é entrevero, tudo é explosivo. Em época de boom econômico o vale tudo pode dar certo, a prosperidade perdoa impertinências e impropriedades. Diante do abismo convém acautelar-se.

A imagem de bonomia, indispensável para a atuação internacional do presidente Lula, é simplesmente incompatível com a beligerância rústica para a qual apela periodicamente. A maior prejudicada é, paradoxalmente, aquela que pretende entronizar como sucessora. A ministra Dilma Roussef pode exibir algumas características dos tecnocratas, mas nelas não se inclui  a retórica caudilhista. Seus assessores pretendem torná-la mais “carismática”, mas o seu forte é operacional. E quanto mais vociferante for o desempenho do atual presidente mais distante ficará daquela que escolheu como herdeira.

Gafe irrelevante, dir-se-á em favor de Lula. O grau de irrelevância das gafes depende do seu volume e frequência. Depende, sobretudo, de fatores imprevisíveis, imponderáveis, que escapam ao voluntarismo dos marqueteiros.

Todos os grandes líderes políticos foram acusados, em algum momento, de demagogia. Faz parte do jogo. Porém, nem todos os demagogos são capazes de incendiar um país. Só os conhecemos a posteriori.

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segunda-feira, 23 de março de 2009

Zé Telles

desgraças, safadezas e maracutaias em geral, vou contar uma história hoje para mostrar como no Brasil ainda convivem os habitantes de dois países distintos sob o mesmo teto.

Zé Telles, 64 anos, lavrador aposentado , viúvo, pai de cinco filhos, um bando de netos e uma bisneta, é um desses milhões de brasileiros que não estão na mídia e vivem distantes das notícias de Brasília.

Vivem em outro mundo, nos interiores do Brasilzão velho de guerra, onde os jornais não chegam, com seus próprios valores, preocupações, sonhos, que nada têm a ver com os assuntos que costumamos tratar neste Balaio.

Zé Telles vive até hoje na roça, no mesmo lugar onde nasceu, às margens do rio Bonito, entre Porangaba e Bofete, a 160 quilômetros de São Paulo. Só sai de lá uma vez por ano para pegar o ônibus dos romeiros que vão a Aparecida rezar pela padroeira.

Seu Zé trabalha comigo há 30 anos, desde que comprei o Sítio Ferino em Porangaba. Pegou a terra nua, um deserto na época sem água e sem luz, e foi mudando a paisagem com as próprias mãos. Plantou milhares de árvores, criou bosques e animais, tinha um orgulho danado da sua obra.

Embora franzino, frágil mesmo, nenhum serviço ou contratempo na vida era capaz de derrubá-lo. De sol a sol, lá estava ele para cima e para baixo, tocando o gadinho, roçando, dando comida para a criação, cuidando dos seus afazeres.

Na semana passada, Zé Telles entregou os pontos. Há dias sem comer e sem dormir, sem conseguir trabalhar, desorientado, pela primeira vez na vida foi parar num hospital.

Diagnóstico: depressão profunda causada por um abalo moral que agrediu seus valores, segundo a neurologista, doutora Filomena, que cuidou muito bem dele no hospital público de Conchas, uma cidade vizinha.

Cerca de um mes atrás, ele começou a perceber que algumas coisas estavam sumindo do sítio, como uma velha seringa de vacinar o gado, um aparelho de rádio da minha filha caçula, essas coisas tão pequenas diante do que a gente lê todos os dias nos jornais.

O pior para ele foi descobrir quem era o autor destes furtos. Lourival, o caçula de Zé, que trabalha com ele, pegou em flagrante dentro da casa do caseiro o filho de um vizinho, adolescente muito estimado pela família.

Para ele, foi como se tivesse levado uma punhalada pelas costas porque aquele menino foi criado junto com seus filhos _ simplesmente, não se conformava, não conseguia entender o que aconteceu. Logo ele?

As relações de trabalho, vizinhança e compadrio, baseadas na lealdade e na solidariedade, são sagradas nestes sítios em que a palavra ainda vale mais do que os contratos, uma paisagem humana magistralmente descrita por mestre Antonio Cândido em seu clássico “Os Parceiros do Rio Bonito”, escrito há mais de meio século.

Tiraram o chão sob os pés onde ele pisou a vida toda e Zé Telles entrou em pânico. Achou que era o culpado pelo prejuízo, por não ter cuidado direito do sítio, começou a ter pesadelos de que seria mandado embora, sentia-se humilhado por não ter mais fôrças para seguir sua rotina de trabalho.

Ao encontrá-lo no sábado, na casa do filho, que também é nosso vizinho, só fazia chorar e balançar a cabeça. Ficava olhando para mim como quem espera uma explicação para o que estava acontecendo com ele. Os remédios de tarja preta, que nunca havia tomado na vida, o deixaram prostrado.

Zé Telles sempre foi um homem daqueles que se pode chamar de honesto, direito, probo, lhano, como se dizia antigamente, desses a quem você pode confiar a carteira ou os filhos para tomar conta.

Não estava preparado para os novos tempos e outros valores que estão chegando junto com o “progresso” a este Brasil real ainda habitado por muitos brasileiros como ele, cidadãos que ficam doentes quando vêem as coisas erradas.

domingo, 15 de março de 2009

Fim do mundo




Por mais que o mundo procure, parece que a solução mágica que todos esperavam para a tal crise financeira não surge de canto algum.
Alguns jornalistas procuram garimpar no sub-texto da fala e promessas dos políticos alguma dica de prazo ou data para o momento da redenção.

Sairemos da crise em 2010? Ou 2012? Mas o calendário dos Maias acaba em 2012, segundo me contaram. Então, será o final do mundo? De qual dos mundos? Do mundo como um todo? Da esfera azul cheia de água, terra e gente ou do mundo celestial, macrocosmo povoado por energias que nem de longe conhecemos ainda? Ou será que é o fim do mundo em que vivemos até hoje... Este mundo onde o modelo econômico estava baseado em provocar endividamento para movimentar as massas? Ou será que o fim do mundo virá abalar as relações da forma como estavam estruturadas onde a hierarquia se fazia consoante o valor da conta bancária de cada membro participante da mesma?
De que final de mundo estão todos comentando?

Vamos por partes para ver se conseguimos chegar a algum entendimento.
Pensando sobre o planeta Terra, seus recursos, seus movimentos e equilíbrio, já chegamos ao fim do mundo há algum tempo. Tem ouvido falar sobre o degelo que vai lançando milhões de litros de água nos oceanos? Água esta que não vai sair voando pelo espaço sideral. Terá que se acomodar roubando espaço onde antes era solo, fértil ou não, área onde populações construíram suas casas e seus campos.
Tem lido ou visto o desmatamento das florestas, onde o destaque de campeã parece ficar com nossa Amazônia?

Bem, as raízes das árvores destas florestas servem, entre outras coisas, para frear a força das águas que vem do alto. As copas ajudam na formação do oxigênio, na moradia dos pássaros, na sustentação dos frutos que alimentam também estes animais e assim por diante.
Pensou no impacto que a devastação destas áreas causa na outra ponta do planeta? (Se puder assista o filme "Uma Verdade Inconveniente" de Al Gore, para aumentar sua consciência a respeito do tema).
Algumas imagens desta devastação não deixam dúvida que o fim do mundo já está lá.
Colchões, sofás, pneus, embalagens, descem os leitos dos rios jogados pelas nossas mãos, afundando numa certa altura, entupindo o curso das águas, deformando o desenho do sulco, atravancando a passagem da vida.

Em São Paulo, durante o Carnaval, um lago secou em uma hora revelando seu fundo enlameado, onde carrinhos de feira, sapatos, restos de tudo que se pode imaginar disputavam espaço com peixes agonizantes, cisnes atolados, lágrimas dos frequentadores aturdidos pelo acontecido.
Apocalipse aqui e agora, em plena capital de um estado!

Frente a tudo isso, nosso mundo interno rui também. Vamos perdendo a fé, a vontade de mudar, a determinação de pôr um basta e reverter.
É preciso imediatamente iniciar uma marcha internacional de educação, de saneamento, de seriedade, responsabilidade, moral.
Todos precisamos nos unir para limpar o Planeta. Começando pelo Planeta Mente.
É neste campo que tudo começa. Nossas ações são projeções do que temos em nosso hard disc pessoal e coletivo.

Temos que parar de assistir e compartilhar tanto lixo.
Temos que ter forças para sair do sofá e desligar a TV, mudar o canal, deixar de ver e ouvir tanta porcaria, tanta falta de cultura e desinformação. Temos que parar de dar audiência para o entorpecimento.

A solução não vem da passividade, do conformismo, do "deixa que o Universo resolve". Sim, o Universo resolve, mas talvez isso possa custar a casa que construímos, os filhos que geramos, a vida que tanto queremos preservar.
Minha proposta é que a gente se una ao Universo e numa só linguagem e expressão possamos contribuir para que o início de um novo mundo nos traga orgulho de pertencermos à raça humana

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domingo, 8 de março de 2009

Ditadura

Charge de Latuff em protesto ao trocadilho imbecil cometido pela Folha de S. Paulo.No dia 17 de fevereiro, o jornal Folha de S. Paulo cunhou o termo "ditabranda" para se referir ao regime militar brasileiro que ceifou a democracia no Brasil de 1964 a 1985. Definir como "ditabranda" uma época na qual cidadãos como Rubens Paiva, Antônio Henrique Pereira Neto, Stuart e Zuzu Angel, Nilda e Esmeraldina Cunha, Vladimir Herzog e outras centenas de pessoas foram barbaramente perseguidos, torturados e assassinados, é um insulto à memória deste país. E um desastre para a credibilidade de uma empresa jornalística cujo maior compromisso deveria ser com a Verdade.

A charge que ilustra este post, impactante paráfrase visual criada por Carlos Latuff, já foi divulgada por blogs como O Biscoito Fino e a Massa, Maria Frô e O Escriba, mas precisa ser mais divulgada. Mas creio que a questão principal aqui não é de, pela enésima vez, fomentar as repetitivas brigas entre "direitistas" ou "esquerdistas", que transformam qualquer discussão política em rixa de torcidas organizadas de futebol. O que gostaria de ressaltar é o fato de que um veículo jornalístico, cuja principal matéria-prima é a palavra, não poderia jamais relativizar fatos históricos e fartamente documentados como todos os crimes cometidos pela ditadura brasileira, banalizando tantas mortes e torturas com um trocadilho estúpido e inconsequente.
* * * * *

P.S. 1: Links recomendados: A "ditabranda" da Folha (Igor Ribeiro), De caboca@sontag.org para gaspari@fsp.ditabranda.br (Hipopótamo Zeno), Quem foi Vladimir Herzog (Instituto Vladimir Herzog).

sábado, 7 de março de 2009

Arrogancia


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Retorno às trevas

06/03/2009 - 18:22 - Alberto Dines

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Um dia antes, entre compungida e devota, a quase-candidata Dilma Rousseff leu a Bíblia e participou do show-missa bizantino do Padre Marcelo Rossi. Nesta sexta-feira, no Espírito Santo, o presidente da República deixou o script de lado, esqueceu as conveniências políticas e a estratégia de agradar a todos e fez um veemente protesto contra a excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina estuprada pelo padrasto. “Neste aspecto, a medicina está mais correta do que a Igreja”, proclamou o presidente.

Neste aspecto e em muitos outros. E não apenas a Igreja católica: as religiões, todas as religiões, estão redondamente enganadas ao imaginar que a humanidade ainda não passou pelo  Renascimento e o Iluminismo e que o processo civilizatório deteve-se no tempo.

Mais piedosa e, sobretudo, mais humana do que o arcebispo de Olinda e o Recife que pronunciou o anátema, a diretora do centro médico onde se processou o aborto, declarou: “Graças a Deus estou no rol dos excomungados.”  “Graças a Jesus Cristo sou ateu” escreveu o filósofo e político italiano, Gianni Vattimo,  no diário espanhol “El País” (domingo, 01/03, p. 25).

Além de cometer o pecado da arrogância e da soberba o  arcebispo  d. José Cardoso Sobrinho criou um caso diplomático entre a Santa Sé e o estado brasileiro. A afoiteza da sua manifestação contraria frontalmente a recente Concordata assinada em Roma pelo presidente Lula e o papa Bento XVI. Trata-se de uma clara ingerência nos assuntos internos do país já que na quarta-feira, quando excomungou os médicos e a mãe da menina violentada (que autorizou a intervenção médica), o arcebispo declarou que quando uma lei promulgada pelos legisladores contraria a lei de Deus, essa lei humana não tem qualquer valor. O sacerdote insubordina-se contra as leis que deveria respeitar na condição de representante de um estado estrangeiro e promove abertamente a subversão da ordem no país que lhe oferece proteção e liberdade.

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