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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Meu espaço

Quando eu vim morar neste prédio aqui, foi como um sonho daqueles bem gordos finalmente se realizando, pois eu já amava esse lugar há muitos, muitos anos. Meu predinho é conhecido por toda a região, porque faz parte de um conjunto de outros dez ou doze, espalhados por várias ruas, que nos anos 50 abrigavam trabalhadores da Hípica Paulista. De construção antiga, tombada, ele tem paredes com dois palmos de grossura, pé-direito pra lá dos 3 metros, “sacada de festa” – daquelas em que cabe realmente mesa, cadeira, rede e uma pá de vasinhos de flor. Meu prédio só tem dois andares e garagem pra alguns carros. E tem um jardim daqueles com mureta baixa que dão pra rua. Jardim esse que, até hoje, tinha virado depósito de bitucas de cigarro, banheiro de gatinhos perdidos, residência de duas árvores mortas e vergonha da vizinhança. Mas tudo mudou.

Como já devo ter contado umas 1.462 vezes aqui (talvez pra me auto-convencer que não é um pesadelo total), eu sou síndica do meu predinho. Em geral, eu confesso: não é lá tão ruim. O título veio como obrigação, porque os outros cinco apartamentos são alugados – e inquilino não dá pitaco, que dirá se elege líder. Então eu sou, há quatro anos e meio, a Bruxa do 5. E o jardim sempre esteve na minha mira.

Já que o Sr. Wonka também é um doido varrido louco por melhorias, não sossegamos desde os primeiros meses aqui. Nesse tempo, já trocamos o portão carcomido da garagem por um novo, eletrônico; Implantamos a reciclagem de lixo; Abrimos uma porta de passagem do hall do térreo para o estacionamento, eliminando a necessidade de (que ridículo) dar a volta em tooodo o edifício pra entrar em casa; Pintamos por dentro; Pintamos por fora; Reformamos a calçada ao gosto do Kassab.

Depois de tantas melhorias, juntamos dinheiro tudo de novo para a tão sonhada reforma do jardim. Porque, francamente, ele implorava por isso – e nós já não agüentávamos mais a cara de nojo das velhinhas jardineiras do bairro ao passar pela nossa entrada. Pois o dinheiro foi angariado, contrato fechado, plantas compradas... tudo foi podado, retirado, replantado, iluminado e virou paisagem em uma semana. Ficou bonitinho, viu? Com uma cascata, virava a Casa da Dinda!

Claro que não foi tão simples assim. Já no primeiro dia teve gente se indignando. Nunca imaginei tanto bate-boca por causa quatro (qua-tro, 4!) galhos podados da árvore que crescia desembestada. Houve grito, gente sacando câmeras e registrando o “absurdo”, uma suposta denúncia na Prefeitura. Era “eu sou do Partido Verde!” pra todo lado. Gozado é que, em 50 anos, ninguém do Partido Verde desceu as escadas com uma pá pra melhorar o pobre e exilado jardim. Eu acho que o Partido Verde podia dar aos seus associados uma bela de uma enxada pra pegar no pesado, viu. Muito bonita a teoria, mas ação que é bom...

Passado o forrobodó – do qual até hoje eu guardo seqüelas, como uma revolta bem grande por ter sido tachada como a Síndica Moto-Serra – o jardim seguiu se melhorando. E impactando. Em sete dias, dezenas de pessoas pararam ali pra conferir. Uns diziam “até que enfim estão arrumando isso aí, hein!?”, enquanto outros queriam o cartão do jardineiro ou perguntar se tinha licença pra podar a árvore (quatro galhos, 4...).

Percebi o quanto uma diminuta área verde pode, hoje, causar um baque nas pessoas. De horror inflamado a lágrimas de alegria, vi todos os transeuntes serem tocados pela kaizuca, pela grama preta, pelo rabo-de-gato, pela ixora, pela pitangueira em pleno furor frutífero. Percebi que, talvez, em umas décadas atrás, o povo passaria ali sem dar trela, achando mais é que podia concretar a área toda e abrir duas vagas pra carro no lugar. Percebi que um pouco de verde, mesmo que privado e ornamental, toca muita gente. E, então, fiquei ainda mais orgulhosa de termos recuperado nosso amado jardim.

Ontem encontrei e recolhi uma bituca de cigarro na grama nova. Mas o trabalho realizado vai muito além de quem fez isso.

 
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