Rei Pelé
Por onde ele passa esticam um tapete vermelho. Se for possível o cobrem com um manto e uma coroa.
Só não “sir” porque graças a Deus, não nasceu na Inglaterra.
Hoje todo mundo sabe o que o Rei fez: mais de mil e trezentos gols; 11 vezes campeão paulista; 10 vezes seguidas artilheiro do campeonato paulista – sendo que em 1958 fez 58 gols, provavelmente um recorde mundial ainda não reconhecido; cinco vezes campeão da Copa do Brasil; bicampeão da Libertadores; bicampeão mundial interclubes; tricampeão mundial pela seleção brasileira.
Mas quando o Rei tinha apenas 17 anos, alguém teria a coragem de afirmar que Pelé era “o Rei do futebol”?
Um jornalista teve essa coragem.
Em 1958, na Copa da Suécia, o Brasil acabava de derrotar o País de Gales, por 1 a 0, gol de Pelé, um gol lindo, com direito a um mini chapéu, e um certo Gabriel Hanot, editor chefe do jornal L´Equipe, da França, escreveu uma página inteira afirmando que tinha surgido “o Rei do futebol”, um certo Pelé da seleção brasileira.
Nascido em 1889, Gabriel Hanot foi jogador de clubes, da seleção francesa e eventualmente se tornou seu técnico na década de 40. Foi soldado na Primeira Guerra Mundial e foi preso pelos alemães. Conseguiu fugir e terminar a guerra como piloto de caças.
Mas não saiu ileso. Um ferimento o impediu de continuar sua carreira como jogador.
Foi aí que iniciou uma carreira tão brilhante quanto a de jogador como jornalista. Primeiro no jornal Miroir des Sports (Espelho dos Esportes) e depois no L´Equipe (A Equipe).
Foi no L´Equipe que Hanot criou a hoje famosa Bola de Ouro premiando o melhor jogador Europeu da temporada; e depois o Campeonato Europeu dos Clubes Campeões.
Gabriel Hanot morreu em 1968 e hoje pouca gente sabe que ele deve ter tido como maior orgulho ter apelidado Pelé de Rei.